SÃO JOSÉ DO RIO PARDO E REGIÃO – ANO 36



Seguindo em frente

10/04/2021

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Não são as explicações que nos levam para frente; é a nossa vontade de seguir adiante.
[Paulo Coelho]
Nosso presidente, Jair Messias Bolsonaro, tem mencionado a necessidade de voltarmos ao trabalho. Em nossa região, cada prefeito adotou medidas mais ou menos semelhantes. Em São Sebastião da Grama criou-se uma barreira sanitária, para quem entra na cidade. Apenas duas entradas foram deixadas, bloqueando-se as demais, e todos que entram na cidade têm sua temperatura corporal aferida. Em Mococa e São José do Rio Pardo, uma quarentena inicial foi adotada, contudo, por pressão de parte da sociedade civil, terá se ser revista.
Não nos faltam explicações, a esta altura dos fatos. Provavelmente a Covid-19 é a doença que tem mais explicações mundo a fora. Com o fluxo constante de informações, hoje um adolescente em Mococa pode estar quase tão bem informado quanto um cientista na China ou um político na França. A globalização da informação, em tempo real, nos permite isso.
E as explicações são terríveis. A verdade que se tem até aqui é que a maioria da população, de forma ou de outra, entrará em contato com o Sars-Cov-2, o coronavírus causador da doença Covid-19.
Alguns sequer se aperceberão do contágio. Outros apresentarão sintomas parecidos com os de um resfriado. Entre estes, alguns apresentarão sintomas mais severos, com tosse, febre persistente e dificuldade respiratória. Disenteria e conjuntivite são complicações pontuais deveras comuns. Dentre estes, infelizmente, alguns terão piora do quadro. Entre estes, internação em unidades de terapia intensiva com respiradores mecânicos são sua melhor chance de sobrevivência.
Aí as complicações começam. O número de leitos e respiradores em unidades de terapia intensiva são limitados, para atender a demanda habitual das cidades. Covid-19, por seu contágio rápido, acaba causando um número muito grande de infectados e, portanto, um número muito grande de pacientes. Ao mesmo tempo. Faltarão respiradores e acomodações em unidades de terapia intensiva para todos. Os países que melhor lidaram com a questão usaram sistema de testagem em massa da população, detectando desde o início os infectados, impondo em seu entorno pesada quarentena e acompanhando a evolução dos quadros assintomáticos ou menos severos em quarentena domiciliar. Rússia, Coréia do Sul e outros seguiram este caminho.
A quarentena absoluta, como se tem praticado no estado de São Paulo, já não tem mais a forma necessária para barrar o contágio, que vai se espremendo e caminhando. O aumento do número de casos, apesar da quarentena, mostra sua relativa eficácia como forma de contenção.
A verdade é que, no Brasil, não há testagem sequer para os suspeitos de Covid-19. Somente em casos graves a testagem é feita e a demora na resposta dos testes é tamanha que, quando chega, já terminou a quarentena de quem se recuperou. Dos demais, sucede-lhes o óbito. Essa forma de combate mostrou-se ineficaz, por exemplo, na Itália. Sequer sabemos, com precisão, o número de pessoas infectadas em nossas sociedades.
Por outro lado, a paralisação total da economia é algo que impõe pesado jugo e carga sobre a parte mais frágil da sociedade. Os trabalhadores e autônomos, em poucos dias, não terão o que comer. E os efeitos da quarentena prolongada, sem medidas acessórias como testagem em massa e meios de acompanhar quarentenas de infectados, por um lado mostram sua ineficácia. Por outro, fragilizam a economia e a vida privada das pessoas. As que não morrerem de Covid-19 estarão em mundo muito diferente daquilo que nossos antepassados construíram.
Sejamos práticos, e nesse sentido Bolsonaro tem razão. Alguns vão morrer. Talvez o editor deste jornal. Talvez você, que está lendo. Talvez um parente, um conhecido nosso. Talvez nenhum de nós. Talvez outros. Mas os que sobreviverem têm o direito de escolher em que mundo querem viver. Vivemos em uma democracia republicana, e em assunto tão denso temos direito de cogitar que nossas vozes sejam ouvidas por nossos governantes.
Nestas condições, o menos ruim que temos a fazer é retornar progressivamente às atividades econômicas. Comércio reabrindo com limitações de clientes, álcool em gel em todas as entradas e saídas, quarentena radical para idosos, imunossuprimidos e pacientes com indicação médica. Retorno progressivo das aulas e fornecimento de refeições nas escolas para população mais carente são medidas a serem analisadas por cada comunidade.
O retorno da cadeia produtiva nacional é imperativo. Caso contrário corremos o risco de, ao final de longa quarentena, termos uma vitória de Pirro. Além dos mortos, teremos uma economia devastada, escalada de violência, um processo recessivo e uma inflação ressurgindo no palco de nossa história.
Mortes haverão. Se ficarmos em casa, haverão. Se trabalharmos, haverão. O que quer que escolhamos, haverá mortes, haverá sofrimento em nosso caminho. Vamos enfrentar esse sofrimento de cabeça erguida, como brasileiros. Somos seres humanos, e devemos enfrentar esta situação com dignidade.
Aos que podem: voltemos ao trabalho! Aos que precisam: mantenham a quarentena! A todos: vamos resgatar nossas vidas, ser fortes e solidários com os que precisem. Vamos enfrentar esta pandemia de Covid-19 e seguir em frente.
 



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