SÃO JOSÉ DO RIO PARDO E REGIÃO – ANO 36



à€° possível fazer política sem ódio

30/05/2021

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A frase de Bruno Covas chamou a atenção da mídia após seu falecimento.
Na verdade, política é algo que só se faz sem ódio.
Diferente do que pensam os leigos, todos - sem exceção - são políticos. Somos seres gregários e é da nossa natureza viver perto, conviver. E a arte deste convívio é a política.
Escolher como viver em conjunto. Saber conviver com o que, no outro, não nos é comum.
Tolerar, compreender.
O ódio sempre esteve à espreita, para valer-se da política para seus próprios caminhos. Quem não se lembra na Alemanha Nazista ou da Itália Facista, em que a vida de pessoas negras, ciganos, homossexuais, Judeus especialmente, eram consideradas descartáveis? Para a mentalidade nazista uma mulher judia ou uma mulher inferior não deveria nem poder procriar. E isso faz pensar.
“Ainda é fecundo o ventre de onde surgiu a besta imunda”. A frase, de Brecht revela que há a semente da discriminação, do ódio, em muitos de nós.
A frase de Bruno Covas apela para o senso de ética, de boa moral, para que participantes do cenário ou da arena política o façam com respeito pelos demais.
Não há como fazer política com ódio, o que resulta desse ódio é dominação, a tentativa constante e perene de subjugar o outro, de dominar, de explorar. Não é política, na acepção moralista da expressão usada por Covas.
Acepção moralista da política é frase que pode não caber em um contexto dado por Maquiavel, em que reputa-se “boa” ou “má” a política pelos resultados. Mas, certamente, não foi esse o contexto que Covas tinha em mente ao proferir a frase.
Mas como conviver, ou ter um convívio, com quem entende que parte da política é exterminar sua própria existência? Como poderiam os Judeus “fazer política” com os Nazistas?
Esse pensamento ajuda a entender muitos comportamentos.
Como pode haver política sem ódio quando um grupo político acredita que os outros vivem para servi-los? Que tem direito aos melhores lugares? aos melhores empregos e melhor alimentação?
Como fazer boa política com quem pensa que gente que nasce pobre não pode procriar, ou quem nasce em determinado bairro, ou determinada família, não pode ter bons empregos?
Esse comportamento coronelesco, autoritário de gente que faz da estrutura pública fonte de renda e de vida, nos toca e exige de nós uma resposta.
Bruno Covas fala de fazer política sem ódio. “É possível”, disse ele.
E essa fé move a muitos, que acreditam que é possível dialogar, conversar, construir pontes e caminhos para diferentes visões do mundo.
Não há, infelizmente, como você abrir ou manter vias de diálogo com quem parte do pressuposto que suprimir sua existência é parte de um projeto pessoal.
Bruno Covas estava certo. Mas a política sem ódio só se poder fazer com quem não faz do ódio seu mote de vida.
 



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