SÃO JOSÉ DO RIO PARDO E REGIÃO – ANO 36



Espelho do ódio

18/07/2021

Compartilhar



Eleitores da direita vem, desde a chegada de Bolsonaro ao poder, usando os mais chulos e pesados termos para referir-se a quem deles descorda.

Não poucas vezes esbarrando em palavras de baixo calão, xingamentos, ofensas pessoais até.

A tese de escolher um inimigo (os judeus, os comunistas, os esquerdistas, os ciganos, os gays, os negros, etc) é própria e comum a todos os regimes autoritários e aconteceu, por exemplo, no regime alemão da década de 1930 (ainda que até hoje existam admiradores de jurisprudência alemã que acabam se entregando aqui e acolá).

E a coisa toma voluto de patologia quando vemos amigos antigos, que cresceram juntos, membros de uma mesma família, do nada brigando e um ofendendo o outro, com quem sempre conviveu, com quem os filhos conviveram, que se apoiaram em momentos difíceis.

Agora o parente ou o amigo que é “esquerdista” não presta mais. Tornou-se, pela ideologia e discurso de um grupo político, “o inimigo”.

Apenas pelo discurso de um político, o amigo de anos, o parente torna-se objetificado. Perde o caráter “humano”.

Quando não conhecem o “inimigo”, então, a coisa já começa com “tem que morrer” e segue adiante. Deseja-se a morte para um semelhante, que sequer se conhece, por apenas um comentário em rede social que, inclusive, pode nem ser verdadeiro.

A ânsia de odiar é notada por qualquer um.

O discurso, esquizofrênico, fala de compaixão e pratica ódio; fala de solidariedade (recolhe cestas básicas, etc) e falar que o esquerdista tem que morrer de fome.

Enquanto se escolhe odiar ao inimigo, esse escolhido pelo grupo político, esquece-se de discutir políticas públicas. De pensar e cuidar da própria vida.

O ódio torna-se o ópio do povo, seu narcótico. Enquanto estão sob o efeito do ódio ao inimigo, o povo se acalma. Segue o líder como rebanho manso.

A associação à igrejas passa a fazer com ovelhas deixem de ser levadas a pastos verdejantes com águas tranquilas, e sejam levadas às urnas e às redes sociais para viver da defesa de uma ideologia política que sequer entendem.

Mas todo esse ódio, esse ressentimento sem causa, gerou uma curiosidade sociológica notável nos últimos dias.

Quando o líder é internado, os que odeiam passam a falar em orações, em compaixão, em ser humano.

Quando as mesmas palavras de ódio que eles dirigem ao amigo, por vezes ao parente, pessoas que conhecem há décadas por vezes, são dirigidas ao líder, há uma notável indignação.

Foi a primeira vez que militantes de direita falarem de direitos humanos.

O espelho mostrou muita coisa, o problema é que quem odeia não quer ver, não quer saber, não quer entender, não quer participar: só quer odiar.  



Comentários


















Leia também:

Religião
Cardeal Dom Orani Tempesta escreve texto inspirado: Domino Gaudete

Fé Calvinista
Reverendo Jonatas Outeiro escreve: Distorção do sentido do natal

Opinião
Paula Winitski escreve essa semana um lindo texto sobre natal: O Natal é Jesus!

Fitness
Educadora física Cristiane Zanetti escreve: Como praticar exercício em casa

Mais notícias…




Jornal Democrata
São José do Rio Pardo e Região
Whats 19 98963-2498
Tel.: 19 3608-5040

Siga-nos nas Redes Sociais

contato@jornaldemocrata.com.br