Advocacia para ricos X advocacia para pobres: realmente é diferente?

A advogada Giovana Bruna de Castro Kodama participou, a convite da vereadora Thaís do Mandato Ativista, de “Tribuna Livre” na Câmara Municipal de São José do Rio Pardo, terça-feira, 14.

Em sua fala a advogada disse que quem quiser ter uma boa defesa, deve contratar advogado particular, e disse que o serviço prestado pelo Estado seria “precário”.

“O dr. Pedro é meu advogado particular. Todo advogado precisa de um advogado, né gente? Somos vistos como os diabos, mas não somos, tá? Mas todo advogado precisa de um bom advogado, e não temos isso no Estado, tá? É realmente precário os advogados que a gente coloca... ...tem exceções? Tem. Mas realmente quando se precisa de bons advogados normalmente você precisa de uma situação financeira melhor, o que precisa melhorar. Primeiramente dar esse acesso jurídico de maneira... ...com qualidade a essas mulheres. Não é ali na procuradoria, o advogado diz ‘vamos fazer um acordo?’, não é assim que funciona”, disse a advogada da tribuna da Câmara.

A fala da advogada lançou a pecha de incompetente a dezenas de advogados e advogadas que prestam serviços a assistência judiciária.

Tentamos contato com a presidente da Subsecção local da OAB, Cláudia Franchi, questionando sobre o posicionamento da advogada, mas até o fechamento desta edição el não havia retornado ao jornal.

O jornal tentou contato com diversos advogados e advogadas que não retornaram o contato.

Os advogados Daniel Spessotto Bello e Ana Helena Machado Maia foram os únicos que responderam à reportagem e aceitaram falar sobre os fatos.

Os fatos, como alegado pela advogada da tribuna da Câmara Municipal demandam uma resposta das autoridades, principalmente da advocacia.

Se, como disse a advogada, o trabalho de defensores públicos é “precário”, a nulidade de milhares de processos acaba sendo uma tese possível.

E mais: Se delegados de polícia e juízes cometem os atos dos quais a advogada os acusou, mais ainda a atuação da advocacia seria necessária.

Será, como disse a advogada, que à mulheres pobres só resta “fazer acordo”?

O que disseram os advogados?

Daniel Spessoto Bello, ouvido por DEMOCRATA, disse 

I"nicialmente, gostaria de destacar que o órgão responsável pela representação dos cidadãos que necessitam de assistência judiciária gratuita é a Defensoria Pública.

No entanto, como é uma instituição relativamente nova, quando comparada ao Ministério Público, por exemplo, ainda se encontra em fase de estruturação e expansão.

Por esse motivo, nas comarcas que não contam com Defensores Públicos concursados, como é o caso de São José do Rio Pardo, existe um convênio firmado entre a OAB/SP e a Defensoria para fornecer advogados particulares para representar tais cidadãos.

Esses advogados, em sua grande maioria, realizam um serviço digno, em que pese os honorários muitas vezes não condizentes com os serviços prestados, pagos pelo Estado.

A meu ver, não acredito que os advogados de São José do Rio Pardo prestem serviços precários à população, até porque são todos advogados particulares. Mas não se pode negar que o advogado contratado diretamente em seu escritório possui melhores condições para desempenhar um trabalho completo e de excelência."

Ana Helena Machado Maia, ouvida pelo DEMOCRATA disse:

"DEMOCRATA: Há quantos advoga para a assistência judiciária?
ANA MAYA: em torno de 27 anos

DEMOCRATA: Esse tempo de advocacia na assistência, ela permite um crescimento profissional? ANA MAYA Tempo de advocacia não só na assistencia judiciaria mas o labor diario sem duvida permite crescimento profissional

DEMOCRATA: A Dra. entende que advogados contratados de forma particular prestem melhores serviços jurídicos do que advogados que trabalham para o estado em defensoria pública ou assistência judiciária?
ANA MAYA: Não acredito que os contratados de forma particular prestam melhores serviços, a advocacia como um todo tem q haver muito estudo, cada caso é um caso e isso requer estudo, por parte do profissional. advogados com menor preparo também estão na advocacia particular, nós não podemos generalizar e dizer que estão somente na assistencia judiciaria

DEMOCRATA: Saberia dizer em quantos processos judiciais já atuou, desde o início da carreira?
ANA MAYA: acredito que atuei em mais de 3.000 processos,

DEMOCRATA: Como tem para a Dra. sido lidar com a modernização da estrutura judiciária, com informática, petições eletrônicas e audiências virtuais?
ANA MAYA : como sempre atuei, militei na área, para mim não há dificuldade alguma, seja em materia de computadores, norbooks, tablets, audiencias virtuais, tudo muito simples e sem nenhumj problema

DEMOCRATA: Que conselho daria para advogados e advogadas em início de carreira, ou para os jovens que querem seguir a advocacia como profissão?
ANA MAYA: o que falo para os advogados em inicio de carreira é para amarem a profissão. a advocacia é um sacerdócio que exige muito do profissional, se não tiver amor e dedicação não vai conseguir. mas o estudo a persistencia e , o respeito ao cliente farão dele um vencedor. falo sempre para meus estagiarios se colocarem no local daquela pessoa que esta fazendo a defesa, isso os fará sentir a necessidade de uma boa defesa e representatividade. o advogado deve sempre ter habilidade que são inerentes a profissão, como leitura, boa escrita, facilidade de comunicação, capacidade de argumentação, sociabilidade, eprincipalmente capacidade de resolver problemas, saber ouvir as pessoas. o conjunto de tudo isso o fará um bom advogado sem duvida."
 

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