SÃO JOSÉ DO RIO PARDO E REGIÃO – ANO 36



A cidade de papel

12/11/2020

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Milhões em verbas anunciadas. Dezenas. Não, Centenas! Centenas de melhorias anunciadas. Documentos são exibidos.Na Câmara Municipal centenas. Não, milhares. Milhares de requerimentos e indicações de vereadores entopem a estrutura pública.

Nas redes sociais, os edis mostram o resultado de seu trabalho: requerimentos, requerimentos, indicações, requerimentos.

Em grupos de aplicativos de mensagens vemos solução para todos os problemas, apresentadas por antigos políticos e neófitos.

Deputados mandam vídeos. Lives. Verbas parlamentares, emendas impositivas.

E as “doações” de salário? Ninguém viu. Mas são anunciadas.

Folders, panfletos, “santinhos”.

A Constituição Federal nos assegura, a todos, direito a moradia. Acesso ao trabalho. Ao lazer. A uma vida digna. Ao direito de ir e vir.

Na lei, os servidores públicos, todos, estão vinculados por lei, decretos, portarias, regulamentos e normativas a avaliações periódicas de eficiência e produtividade.

Servidores públicos que não atendam as exigências respondem a processo administrativo e são desligados do serviço público. A lei é clara. As normas são claras. Os Decretos, as portarias, as leis, os alfarrábios jurídicos todos são unânimes.

O grande problema não é a lei, posta no papel. Posta nos livros e nos decretos.

Publicadas, carimbadas, rotuladas.

A cidade é perfeita. No papel.

Quem ousar sair do papel, vê outra realidade, que candidatos ao pleito por vezes querem nos fazer crer.

A realidade, teimosa, renitente, recalcitra em aceitar aquela verdade posta em letras bem legíveis, bem impressas em bom papel, branco e limpo.

O morador, teimoso, turrão, não consegue acreditar naquele folder em papel de alta qualidade, deixando no chão de sua garagem com dezenas de outros, falando que verbas e mais verbas foram destinadas para pavimentação.
Morador, sem conhecimento político, vê os requerimentos e as indicações que o nobre, nobilíssimo vereador, enviou a prefeitura pedindo para tapar os buracos. O vereador mostra, com aquela cara de criança que fez a lição de casa, o requerimento. Exibe-o. Publica nas redes sociais.

Mas o maldito buraco está lá. Em frente a casa do morador.

O requerimento fala de iluminação, naquela rua que está no escuro à noite. A verbas vieram. Emendas impositivas, postas em bom papel. Impressas. Assinadas. Carimbadas.
No papel, a cidade é o paraíso. Primeiro mundo.

Problema é que os moradores não entendem aqueles documentos, requerimentos, indicações, emendas (impositivas ou não) que são anunciadas como a cidade fosse um espelho dos Emirados Árabes em toda sua opulência.

A verdade insiste em atrapalhar. Os candidatos apresentam os documentos, em uma cidade que no papel é intocável.

Aquele discurso lindo do vereador. Que ele manda no aplicativo de mensagens. Posto na ata, grafado no papel. Lindo trabalho.

Mas aquela água não chega como deveria.

A pessoa quer emprego, quer emprego para sua família. E o edil exibe o requerimento, enviado a uma ou outra empresa. Lindas palavras: Excelentíssimo prá cá. Excelentíssimo prá lá.

Nobre vereador. Cortesias e belas palavras. Todas postas em ata.

As ruas, inanimadas, nada sabem sobre tais documentos. Os buracos que incomodam os moradores parecem desconhecer as emendas, os requerimentos, as indicações. As atas.

A falta de emprego que aperta a todos é sentida pelos moradores. Os lindos requerimentos e as indicações, as emendas (impositivas ou não) apresentadas não mudam essa situação.

As casas populares, que não chegam nunca, desrespeitam com sua ausência aquela linda fala do nobre edil sobre o respeito a moradia.

Tudo tão lindo. No papel.

E, nas campanhas, a triste realidade insiste, afirma-se e reafirma-se contra um mundaréu de documentos, requerimentos, indicações, emendas (impositivas ou não) que são mostradas aos eleitores em “santinhos”, panfletos, folders e toda sorte de propaganda eleitoral, que só encontra limite na imaginação dos candidatos.

Nobilíssimos candidatos.

Milhares de requerimentos não fazem uma lâmpada queimada funcionar, ou servem sequer para tapar um buraco de via pública, se não tornar-se ralidade. Palavrório. Palavrório inútil.

No papel a cidade é perfeita. Tudo é lindo. Na propaganda eleitoral os que perseguem reeleição apresentam um número de feitos que fazem qualquer um ficar impressionado.

O eleitor, vai pelas ruas da cidade, no dia das eleições, votar. Passará sobre os postes que estão nas ruas. Ele sabe como está sua vida, da sua família. Como estão as oportunidades de emprego, como está a educação, a saúde.

Uma linda, próspera e bem cuidada cidade, com representantes preocupados e trabalhadores.

No papel. 



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