A peste que não passa
23/01/2021
Estamos na era da modernidade líquida. Dos cliques de celular, dos e-mails e das soluções imediatas.
A peste que veio da China, a chamada pandemia de Covid-19, causada pelo Coronavírus Sars-Cov-2 (também apelidado de Covid-19) agora evolui com variantes de si mesmo, mais virulentos e impactantes para a sociedade.
As variações Inglesa, Sul Africana e a brasileira Amazonense tem potencial de agravar a pandemia de forma exponencial.
Some-se a isso que, se inicialmente tomamos cautelas – as vezes em excesso como o Governador de São Paulo que fechou abruptamente o Estado – deixamos de fazê-lo. A cidade de Mococa viu festas em ranchos serem não só noticiadas como com fotos em redes sociais. Coisa chique. A pandemia, pareceu, seria coisa de gente pobre. As eleições, em toda a região, trouxeram o contato. Candidatos como Paulão da Rádio em São José do Rio Pardo e outros fizeram campanha sem respeitar as regras sanitárias.
Como se vê na capa desta edição, em Mococa o prefeito eleito e o vice (sem máscara) foram para a praça com os cabos eleitorais (maioria sem máscara) comemorar a vitória. Detalhe: durante a campanha o então candidato, hoje prefeito eleito, anunciou ter sido contaminado por Covid-19. Ficou até internado. Mesmo assim, a comemoração foi a que se viu.
Se os próprios políticos e candidatos mostraram esse desprezo pelas regras da pandemia, não poderia haver outra consequência: todos baixaram a guarda. Alguém viu um único político ser efetivamente punido por desrespeitar as regras da pandemia? Ministério Público trouxe algum caso? Nem um. Assim, a ideia de impunidade foi ganhando terreno.
Chegamos as festas de final de ano e a coisa seguiu solta. Festas foram realizadas, novamente a partir da elite mas, nesse caso, em todos estamentos econômicos e sociais. Basta uma corrida de olhos por redes sociais. Fotos de comemorações estão, até hoje, disponíveis para quem quiser, em centenas – se não milhares – de perfis.
A natureza não aceita desaforo. O Sars-Cov-2 aproveitou a nosso erro e seguiu firme. O que se vê é o que se vê. A ideia de vacina, ainda que polêmica, é uma aposta positiva. Mas mesmo os entusiastas sabem que mesmo com uma vacina eficaz, e com mais de 70% da população imunizada, ainda serão necessárias medidas de enfrentamento, como uso de máscaras, distanciamento, álcool gel e imunizantes e outras tais.
A falta de respeito no enfrentamento da peste também decorre da mentalidade fluida, de tentar ver tudo como resolvido rapidamente. E a natureza, implacável, tem seu próprio ritmo.
Vírus são forças da natureza. Como vulcões e tsunamis. A mãe natureza pode ser uma impiedosa assassina. Estamos lidando com uma ameaça real com potencial de dizimar nossa espécie. E estamos perdendo porque não conseguimos respeitar as regras que os homens mais preparados pela ciência para nos ajudar estão elaborando.
Essa peste não passou, e não passará impunemente pela imunidade. Trará mudanças profundas que, talvez, só sejam assimiladas por poucos sobreviventes ao final.
Comentários
|