Lotou. E agora?
19/02/2021
Os avisos não faltaram. Todos, sem exceção, foram alertados. A pandemia é algo sério, perigoso e, por vezes, letal.
Por vezes deixa sequelas.
Sempre gera medo, apreensão, segregação.
Mesmo assim pessoas adultas, pais, permitiram que seus filhos, jovens, fosse a rolês dos mais variados. Permitiram que saíssem de casa, livre e impunemente.
As eleições de 2020 deram a falsa impressão de segurança, e os festejos natalinos deram o tom para a sinfonia da segunda onda pandêmica.
Agora, conforme antigo diato, “Inês é morta”. No caso, morta por Covid-19.
Medidas sanitárias conhecidas devem ser robustecidas, observadas como jamais o foram. Distanciamento social, o lavar e higienizar as mãos, o uso de máscaras faciais, evitar aglomerações.
Tudo deve ser observado.
Nosso povo, contudo, parece ter uma estranha inclinação para desrespeitar normas.
Basta ir ao mercado. Qualquer um, tanto faz. Casais, as vezes acompanhados de filhos, crianças e até avós são vistos normalmente.
Todos sabem que somente uma pessoa da família deve sair para as compras. Mas vão todos, em excursão.
Nunca antes havíamos visto tantos idosos em praças e caminhando pelas ruas. Bastou a determinação de não sair que boa parte deles resolveu, exatamente, sair!
Vereadores sem máscaras, em bares. Prefeito sem usar a máscara como deveria. Um notável desrespeito que vai passando com uma impunidade inexplicável.
Autoridades judiciárias e do Ministério Público parecem estar preparadas para caçar prefeitos, agentes políticos. Mas mostram-se absolutamente ineficientes quando a questão diz respeito a punir quem não respeita as regras sanitárias de prevenção à pandemia.
A impunidade, e pior: a sensação de impunidade só faz crescer.
“Se eles podem, eu posso” pensa o cidadão. E todos vão, juntos, lotar os leitos de enfermarias e UTIs por hospitais da região.
As prefeituras tem feito parte do trabalho, buscando coibir festas. Bem verdade, admita-se, que tem mais eficiência em multar empresários trabalhando do que embargar festas de jovens irresponsáveis. E isto temos visto em todas as cidades, sem exceção.
Mococa acenou com a criação de uma pesada multa para quem realizasse aglomeração, contudo o que pareceu ser sério pode não ter passado de encenação: nem um único caso foi relatado até agora.
Enquanto isso a fatura cai nas costas dos empresários e do comércio. Mas não se enganem: não para por aí.
Quando o comércio é atingido, toda a sociedade sofre, toda a sociedade sente. Sem exceções. Reação em cadeia, questão só de esperar.
A redução do número de postos de trabalho empurra uma enorme quantidade de massa de trabalho para a informalidade. De bolos a sushis feitos em casa, em garagens, passam a ser vendidos. Cada um vai se virando como pode.
E, vejam que coisa: enquanto o comércio cumpre todas as regras, e quem está empregado, para continuar, tem de seguir, a turma da informalidade, não.
Logo as desgraças não serão medidas em unidade de tempo, mas de vidas.
Questão de tempo.
E de muitas, muitas vidas.
Editorial publicado na versão impressa de DEMOCRATA, edição 1655 de 13/2/2021 p.3
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