12/11/2020 - Alessandra Pimenta
Ao falarmos sobre relacionamento afetivo, o ciúme torna-se um tema recorrente. Dentre as mais diferenciadas emoções humanas, esta é uma emoção extremamente comum. Todos nós cultivamos um certo grau de ciúme, e muitas vezes nos apoiamos, em um famoso dito popular “quem ama cuida” para justificarmos algumas atitudes.
De fato quem ama o outro sente a necessidade de fazer com que a pessoa se sinta realmente amada, acolhida, cuidada, porém quando os complexos sentimentos de amor estão em jogo o ciúme, ainda em um grau leve, é comumente considerado o vilão de muitos relacionamentos.
Há uma linha tênue que separa o ciúme normal do patológico. Isso porque por trás da sensação de cuidado, carinho e zelo, há o sentimento de posse e de poder. A necessidade de suprir todas as necessidades do parceiro é quase sempre sufocante e pode facilmente evoluir para uma doença grave.
O ciúme patológico pode surgir quando uma das partes sente que o parceiro não está conectado a ela da forma como gostaria, sente que é insuficiente e começa a criar fantasias, crenças e certezas que só existem na imaginação. Estas dúvidas e incertezas são vistas como verdades concretas, com isso amigos de trabalho viram rivais, os compromissos do outro viram desculpas para traição e a insegurança torna-se constante. Muitos deixam a sua vida de lado para seguir os passos do companheiro, perdem o sono pensando na possibilidade de uma traição. E assim sendo muitas outras pessoas estão do outro lado, tendo sua individualidade invadida e constantemente revirada pela desconfiança e o excesso de controle do parceiro (ou parceira).
As pessoas que possuem um ciúme patológico tendem a experimentar sentimentos como ansiedade, depressão, angústia, raiva, vergonha, insegurança, humilhação, culpa e desejo de vingança. Em alguns casos, podem se tornar violentas e chegam a agredir seus parceiros e pessoas ao redor.
Dicas do que fazer quando somos vitimas ou sofremos desse sentimento exagerado:
1) Colocar-se no lugar do outro, ou pedir ao companheiro que coloque-se em seu lugar a fim de imaginar como é a vida da pessoa que é vitima constante de acusações infundadas;
2) Adquirir maior segurança em si e no outro. Desenvolver autoconfiança e autoestima é essencial para minimizar o sentimento de ciúme.;
3) Reconhecer e admitir as suas qualidades e perceber que se elas não fossem encantadoras, o outro não teria motivos para estar com você;
4) Confrontar seus pensamentos ciumentos, contestar o que fato é concreto, o que é real. E conversar com o amado(amada) sobre como se sente em relação à isso, porém evitando acusações ou agressões verbais;
5) Procurar ajuda médica e psicológica quando a patologia estiver caminhando para níveis muito avançados;
6) Se você é vitima de um ciumento (ou ciumenta) patológico, evite permitir que o outro comande a sua vida e faça com que você dê explicações constantes, porque ao agir dessa forma, você está alimentando as crenças e imaginações e contribuindo para que elas se tornem reais para o outro. Mas passe sempre segurança e confiança para a pessoa, reafirmando o seu sentimento e a importância de estarem juntos.
Finalizo com este trecho de William Shakespeare que retrata maravilhosamente o assunto:
“Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança”.
Texto originalmente publicado na edição impressa, 1641, de 7 de novembro de 2020
Alessandra Pimenta de Souza é psicóloga Clínica, inscrita no CRP 06/137648 e atua com foco na terapia comportamental. Contato: (19) 99291-9886 – Instagran: @alessandrapiment.psi
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