A atenção básica com a primeira infância é um tema que gera grande preocupação mundo afora. Tanto a saúde da mãe, do bebê, bem como as primeiras atitudes em relação à educação das crianças, são fundamentais para melhorar a qualidade de vida e da construção de uma sociedade melhor.
Tanto o Estatuto da Criança e do Adolescente quanto o Plano Nacional da Primeira Infância preconizam que deve ser dada atenção integral e integrada a criança.
Pensando em contribuir na luta contra a mortalidade infantil, na melhoria da educação e da qualidade de vida de mães e filhos, desde 2013, a Prefeitura Municipal de Ipojuca no interior de Pernambuco, criou o programa Mãe Coruja. Na época, alguns dados do município eram preocupantes, tais como 30,43% de gravidez na adolescência (faixa dos 10 aos 19 anos) e 13,82% de nascimentos prematuros. A iniciativa buscou integrar diversos serviços básicos de atenção desde a gestação e todo período pré-natal, até a criança completar seis anos de idade.
Desde o início do programa participam sete secretarias diferentes: Saúde, que faz a coordenação geral do projeto, Educação, Bem Estar Social, Agricultura, Juventude e Esportes, Desenvolvimento Econômico e Secretaria da Mulher. A proposta é coordenar as ações de forma articulada e em rede, compartilhando informações.
O primeiro passo foi criar três unidades de acolhimentos de mães e crianças, carinhosamente chamados de “ninhos”. Nestes espaços é feito um acompanhamento de uma equipe multiprofissional composta por nutricionista, psicólogo, professor de educação física, etc. Além disso, a futura mamãe é incluída em um grupo de outras gestantes em período semelhante da gravidez com o objetivo de compartilharem experiências, dificuldades, etc.
Paralelo ao trabalho desenvolvido nos ninhos, existem outras ações como o Horta no Quintal, que estimula que as famílias façam hortas caseiras de alimentos orgânicos para alimentação durante a gestação e depois do parto. Para as famílias que não conseguem fazer a própria horta, é possível participar de hortas comunitárias ou de aquisição de alimentos de pequenos produtores rurais do município. Além disso, o Cozinha Brasil é um programa que auxilia no ensino de receitas saudáveis para as mães.
Logo no primeiro exame pré-natal, já é disponibilizado para a gestante o agendamento de todas as outras consultas, além disso, o programa Mãe Coruja não se preocupa somente com a saúde, tendo uma das principais ações voltadas à educação. Mesmo antes de nascer, a criança já tem efetuada matrícula da creche, a partir dos seis meses de idade, e garantida em escolas do município até os seis anos de idade.
Outra iniciativa interessante é p acompanhamento dos filhos na escola, pois o programa Mãe Coruja incentiva que de tempos em tempos as mães visitem um dia de aula dos filhos para acompanhar o desempenho escolar e estreitar ainda mais os laços por meio de afeto.
Em três anos o programa é um sucesso e novos ninhos foram criados na cidade. O Mãe Coruja mudou sensivelmente a atenção dada as famílias e tem conseguido resultados incríveis. A taxa de nascimento de prematuros caiu pela metade, juntamente com a diminuição sensível da taxa de mortalidade infantil. Ipojuca já atingiu a meta do plano nacional de educação referente a educação de crianças de zero a três anos de idade. A repercussão do programa é tão grande que o programa se espalhou por outros municípios de Pernambuco. Certamente o Mãe Coruja é um exemplo inspirador para outros municípios.
Cuidar da infância e das famílias investindo em saúde e educação.
É possível!