O lema da Semana Euclidiana 2019 é voltado para a defesa do meio ambiente, o que já era uma preocupação para Euclydes, há mais de um século. Sua obra é bem mais útil a nações desenvolvidas, pois aqui os governos são exercidos por um bando de trogloditas.
Jair Bolsonaro sonha em ter mais umas “Vinte Serras Peladas na Amazônia”. As imagens do garimpo manual, registradas com maestria principalmente por Sebastião Salgado, décadas passadas, no Estado do Pará, bem expressam a degradação da Natureza e a desmedida ganância de homens comuns, sedentos por uma pepita que mudasse suas vidas.
A corrida do ouro se iniciou em 1982 e continuou atraindo aventureiros até 1992, quando se deu o esgotamento do cobiçado metal por meio daquele tipo de lavra manual. Mais de 15 mil homens se atropelavam diariamente no interior de uma cratera de 100 metros de profundidade, escavada a pá e picareta. As sequelas deixadas eram indescritÃveis. Muitos se deram bem nos resultados, outros muitos morreram na busca de sonhos. E tudo aconteceu sob olhares complacentes de governos que veem conveniência naquela permissividade. A ilusão do dinheiro fácil estava ao alcance de qualquer um que se dispusesse a se chafurdar na lama, a ser acometido por alguma doença tropical, a viver no absoluto desconforto, sem saneamento, sem atendimento médico, correndo risco de vida todas as horas.
Então, e Jair Bolsonaro lançou mão daquelas vergonhosas cenas para manifestar sua intenção de abrir geral a mineração na Amazônia. Claro que sua intenção é entregar a lavra a mineradoras fortes, seja do Japão, dos E.U.A. ou do Canadá. Mas a ordem indisfarçável desse governo é entregar aquilo que poderia alavancar o Brasil para cima e para frente. Já o faz com as reservas de petróleo do pré-sal. Os brasileiros que realmente podem chamar seu paÃs de “Pátria amada” terão que reeditar campanhas antigas, de quando o governo (do golpe militar) lutava contra a população, coisas do tipo “O petróleo é nosso” ou “Tirem as mãos da nossa Amazônia”.
O presidente é tão comprometido com o sucesso próprio e de seus pimpolhos que nem se envergonha de forçar todas as barras para que um deles seja “nosso” embaixador em Washington. Ter-se-á um dos diplomatas mais cascas-grossas de todos os tempos da República, despreparado em todos os sentidos, mas que, mesmo assim, deverá ser abençoado pelo Senado – último freio que poderia conter mais esse devaneio do clã Bolsonaro.
Nenhum deles, seja o patriarca ou algum da prole, tira os olhos dos próprios umbigos. Fazem de BrasÃlia um parque de diversões, apesar de já terem se divertido bastante no Rio de Janeiro, envolvidos com milÃcias e, ainda a ser provado tecnicamente, extorsão de subordinados – FabrÃcio Queiroz, o motorista do mais velho, que o diga, caso alguém consiga encontrá-lo.
Euclydes da Cunha nutria verdadeira preocupação com preservação ambiental, há mais de um século atrás. Vivo estivesse hoje, se tornaria um fracasso na literatura. Até mesmo esta cidade, que cultua sua obra há 81 anos ininterruptos, não foi capaz de com ela aprender. Tem-se uma obra de saneamento que se arrasta inexplicavelmente há oito anos, apesar dos recursos federais, de R$ 31,6 milhões – vindos do Governo Federal, liberados pela então presidente Dilma Rousseff –, já estarem disponÃveis desde o inÃcio. Vê-se que saneamento, diretamente ligado à saúde pública, não é prioridade nesses últimos governos municipais. Como também não é prioritário para o governo do Estado, cujo secretário de Meio Ambiente virá discursar sobre o tema e, é clero, dirá sobre os “esforços” de seu governador – e de seu antecessor – para sanear o Estado; e acredite quem quiser.