O voto no SarsCov-2
15/05/2021
Controlar uma pandemia é algo incompatível com planejar e executar uma eleição.
Enquanto que as variáveis envolvidas em ambos os casos sejam passíveis de serem previstas, a dinâmica é diametralmente opostas. E os princípios gerais também.
Para o enfrentamento à pandemia, a questão central é a unidade. Somente com ações conjuntas, em uníssono, podemos vencer.
As vacinas são uma notável arma nessa guerra, mas estão longe de ser a arma definitiva.
As eleições, por outro lado, são algo em que se entra partido, dividido, dentro de espírito faccioso. Um lado contra o outro lado. concorrentes, adversários. Por vezes com estratégias diferentes, por vezes considerando desconstruir a imagem do adversário.
O conceito de vitória, em ambos os casos, também é muito diferente. O enfrentamento à pandemia, como mencionado, se vence junto, é uma vitória coletiva, de todos ou de ninguém. A eleição depende, para que se tenha vitória, que outros percam. Isso é inevitável, parte do processo.
O espírito das eleições não serve para enfrentar a pandemia. O inverso, é profundamente verdadeiro.
Enquanto tantas pessoas morrem de Covid-19, os governantes dos estados e o presidente parecem estar inclinados a dedicar-se a questões mais próprias das eleições de 2022 do que do enfrentamento à pandemia que está aí.
No meio desta guerra midiática pelo resultado das eleições ano que vem, a forma do combate à pandemia.
João Dória segue apostando em medidas restritivas, fechando comércio e outras de execução prática quase que impossível em nossa sociedade. Bolsonaro, por sua vez, aposta na continuidade da abertura dos comércios e da econômica, com limitações.
Em meio a isso, quem perde são todos, sem exceção. Enquanto a luta pela vitória nas eleições em 2022 já esteja em campo e um ou outro, em um momento ou outro, obtenha vantagens pontuais, no quadro geral a pandemia segue crescendo, contaminando, matando.
Uma dicotomia patológica, em que ou se apoia tudo que um prega - enquanto se refuta tudo que diz o outro - própria de um momento eleitoral, torna patológica a discussão em momento de enfrentamento à pandemia.
A incapacidade de Bolsonaro, Dória, Petistas e todos os demais em falar uma só língua no enfrentamento à pandemia trona necessário maior participação popular nestas questões.
Vivemos em uma democracia e é fundamental que o povo seja ouvido e, mais do que isso, seja atendido em suas decisões e posições. Se a vontade do povo é soberana, que assim seja.
Parar a economia e fechar todos em casa para exterminar o contágio do vírus é algo hipotético, próprio do mundo das ideias. Não há como isso ser realizado em nossos dias. As pessoas precisam trabalhar para ganhar seu sustento, comer, se vestir. Somos seres gregários e precisamos estar na companhia uns dos outros.
A eficácia parcial das vacinas e a necessidade de trabalho acaba pesando a balança, neste momento, aparentemente a favor de Bolsonaro.
Mas não se iludam: com esse antecipar das eleições, que vai vencer no final será um só: o SarsCov-2, o Corona vírus que é o algoz da vez.
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