Corpo seco da Mata da Paixão
22/05/2021
A lenda do “corpo seco” é típica das regiões sul e sudeste do Brasil.
Em São José do Rio Pardo, até meados dos anos 2000, a região em torno da Mata do Carneirinho, ou mata da Paixão em São José do Rio Pardo não era densamente povoada, de forma que relatos de um corpo seco nas imediações eram frequentes.
Reza a lenda que tratar-se-ia de um defunto que foi amaldiçoado a vagar pela Terra depois de ser rejeitado por Deus e pelo diabo. O motivo da rejeição seriam as maldades que ele teria cometido em vida, especialmente contra familiares.
Uma das versões era que um homem que vivia nas terras dos Pereira (antes do bairro) seria ávaro, a tal ponto que deixaria a própria família passar fome.
Em outra versão seria uma mulher que criava um filho excepcional em uma jaula, negando-lhe qualquer nesga de afeto, usando o filho para comover as pessoas e ganhar simpatia, doações e favores.
Qualquer das versões o que restaria seria um verdadeiro zumbi tupiniquim, um corpo carcomido pelos anos, ossos, tendões aparentes. Restos de pele... ...os cabelos e unha seguiriam crescendo, o que vale o apelido de “unhudo” em algumas regiões.
Em meados da década de 1980 a existência de um corpo seco no interior da Mata da Paixão era lenda urbana tida como certa entre os colegiais.
Talvez por arte (nunca admitida, nem depois da vida adulta) ou por impressão pelas histórias que se repetiam, um casal de jovens enamorados, que escolheram os arredores da Mata da Paixão para os atos de amor voltaram para a escola Euclides da Cunha, à noite, lívidos e chocados.
Quando ainda se usava avental, ao sair a turma deparou com o casal absolutamente trantornado, contando a estória.
A visão do corpo seco, tentando sair da mata pelo alambrado, esticando os braços em sua direção deixou-lhes profunda impressão e, em todos que ouviram, a certeza de que há ali um amaldiçoado, ou amaldiçoada, sem sombra de dúvida.
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