Escolas particulares: as primeiras cívico-militares
17/01/2022
Esta semana a notícia de uma suposta autorização para instalação em São José do Rio Pardo de uma escola cívico-militar gerou certa polêmica.
Os que defendem a medida, defendem para o filho dos outros. Especialmente, para filhos de pobres. O projeto estaria em vias de ser instalado no bairro Cassucci, no Caic.
Só que cabe à comunidade local decidir e, aparentemente, não há consenso sobre a medida.
Mas isso não impede que São José do Rio Pardo tenha não uma, mas pelo menos quatro escolas cívico-militares, no modelo proposto pelos defensores da medida.
Temos três escolas particulares no município, e entre os pais que tem filhos estudando nestas escolas está a maior defesa da militarização no ensino.
Coisa fácil de resolver: basta as três escolas particulares no município adotarem a medida, cedendo a Polícia Militar a organização das escolas e incluindo professores militares para aulas de Educação Moral e Cívida.
Isso resolve o problema, porque os que mais querem escolas cívico militares estão entre os que tem filhos em escolas particulares.
Ficam, todos, satisfeitos.
E mais: um proprietário de escola privada de línguas, pode transformar a própria escola em uma escola de línguas militar! Defensor da medida, não precisa impô-la a alunos alheios: tem os próprios!
Um simples convênio pode entregar a administração e organização da própria escola para a polícia militar. Impor aos seus alunos desde o hasteamento diário da bandeira com hinos pátrios até a punição, a seus alunos, dentro das premissas militares,
Mas o que torna a matéria particularmente interessante é que os que defendem as escolas “cívico-militares” não defendem para os próprios filhos, mas para os filhos dos outros.
Em apertada síntese, a proposta defendida em São José do Rio Pardo não muda, em nada, a grade currícular. Apenas transfere a polícia militar a administração da escola. Acrescenta umas poucas aulas sobre temas voltados ao civismo.
A ideia, de longe, é que os defensores querem por a polícia no encalço da gente mais pobre desde a tenra infância. Dizemos impressão, porque não é assim que a medida é propagandeada.
Mas, como dito, a situação pode se resolver. Até com o exemplo, mostrando que a medida - tão defendida por alguns - funciona para os próprios.
As escolas particulares, e de línguas, instituindo o militarismo em sua administração, bem como impondo aulas sobre civismo ministrada por militares seria de grande valia para o convencimento dos que são contra sobre a eficácia da medida.
Mas, quem não defende a medida para ser aplicada aos próprios filhos - ou à própria escola - não deveria arvorar-se a defender a medida para filhos - e escolas - dos outros.
Se os benefícios são tão óbvios, os saudosistas de direita e de plantão estão com a faca e o queijo na mão. Coisa simples de se resolver.
Ceder a administração de escolas particulares e de línguas aos militares seria o primeiro passo, prático, de se mostrar à sociedade que se está disposto a ver a sociedade mudar.
Ou será só conversa de Facebook e WhatsApp?
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