Descrédito na politica

A política vem sofrendo um descrédito crescente nos últimos anos. Talvez um duro golpe no ideário democrático e republicano.

Por um lado, admite-se, tem a escolha deliberada de uma parcela da população em fechar-se em bolhas e criar e acreditar nas próprias notícias, sendo verdade ou não.

Sem entrar no mérito, quando um presidente da república diz que propalar “fake news” não é errado, algo realmente precisa ser discutido com a sociedade.

Desde sempre o direito segue e nasce com princípios morais. E faltar com a verdade é ofensa moral em qualquer sistema social que se possa imaginar, ainda que uma pequena parcela da população de fato pretenda instaurar no Brasil um sistema de governo baseado exatamente em mentiras.

O descrédito da política decorre, diretamente, do descrédito dos políticos com a sociedade.

Escândalos vem acontecendo desde a reabertura política, temos, para quem se lembra, o caso da pasta rosa, do escândalo das jóias, os anões do orçamento... ...o mensalão vem como uma coroação, uma cereja em um bolo podre de corrupção nacional.

Com os novos meios de comunicação em massa, redes sociais e aplicativos de mensagens Brasília ficou mais perto. E quanto mais vemos, menos gosto por política acabamos tendo.

Talvez seja caso de começar por casa. Pelas Câmaras Municipais.

Exigir uma postura correta dos vereadores. Vereador foi condenado por crime contra a honra, especialmente se contra a honra de mulher, deve responder e, eventualmente, perder o cargo.

Vereador agrediu idoso? A Câmara tem que se posicionar. Vereador ofendeu mulher por rede social? A Câmara tem que se posicionar.

Vereador não pagou pensão alimentícia? Vereador foi condenado por crime? A Câmara deve se posicionar.

Vereador defendeu criminosos, alegou que anda com criminosos? A Câmara deve se posicionar.

Vereador se excedeu em declarações públicas? A Câmara deve se posicionar.

Quando as Câmaras Municipais abusam de regimentos para privilegiar espírito de corpo, o descrédito acaba caindo sobre todos os vereadores.

Quando um vereador é honesto com suas obrigações alimentares ou parentalidade com os filhos, acaba ficando mal por não se posicionar quando o colega não é.

O vereador respeitador de mulheres acaba pagando pelo que ofende mulheres em redes sociais.

Quem poupa lobo, sacrifica ovelha, simples assim.

Quando a Câmara Municipal passa a mão na cabeça de vereador que não se comporta, e esquiva-se com regimentos e alfarrábios jurídicos dos mais diversos, pode escapar de punição da lei.

Mas a opinião pública, implacável, cai sobre todos. E os bons, por não se posicionarem, acabam pagando pelos ruins.

Quem acompanha já cansou de ver isso acontecer. Vereadores de uma única legislatura. Querem estar bem com todos os colegas. As sessões são amáveis.
A reeleição, não. O descrédito com política a políticos começa aqui.  

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