Driblando a Ansiedade
22/05/2021 - por Alessandra Pimenta
O Brasil é o país que mais sofre de ansiedade por conta da pandemia do novo coronavírus, numa lista de 16 nações, conforme apontam os dados da pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, de junho de 2020.
A ansiedade faz parte de nossa vida e é uma característica evolutiva, que prepara o corpo para reagir a situações de estresse, medo, dúvida, angústia ou expectativa. No entanto, se ocorrer com intensidade e sofrimento acima do normal, deve-se ficar alerta e procurar ajuda.
Ao passar por uma crise de ansiedade, a pessoa apresenta uma série de sintomas que a impede de pensar e agir claramente, devido ao pico de descargas químicas recebidas pelo cérebro.
O principal hormônio ligado à ansiedade é o cortisol, responsável por manter o cérebro em alerta e o corpo pronto para agir rápido caso seja necessário. Na maioria das crises ansiosas acontece um mau funcionamento dos neurotransmissores que regulam a atividade do cortisol no cérebro, o que pode causar um impacto negativo na interpretação das situações do dia a dia, fazendo ‘ver’ mais perigo do que o real em situações simples.
Como se cuidar:
Evitar o consumo de álcool: pois este consumo pode ser prejudicial e inclusive agravar determinadas condições emocionais.
Reduzir o consumo de cafeína: o consumo de cafeína faz com que a pressão arterial aumente ligeiramente e o coração sofra todos os sintomas comumente associados à ansiedade.
Gerenciar o estresse: este cuidado pode parecer difícil, mas é de extrema importância. Tente buscar atividades agradáveis e reforçadoras e também verbalizar os incômodos e as frustrações, a fim de reduzir o estresse e melhorar a saúde mental.
Realizar atividades físicas: os benefícios da atividade física para a ansiedade são cientificamente comprovados, melhorando a condição cardiovascular e gerando relaxamento. Em pessoas que praticam atividades físicas são verificados níveis mais baixos de cortisol (hormônio do estresse) e uma elevação nos níveis de serotonina, que aumenta a sensação de bem estar e auxilia na regulação do sono, e de endorfina, que controla a ansiedade e diminui o estresse, além de produzir uma sensação de prazer e euforia durante o exercício. Para um efeito prolongado é necessário que a atividade física seja regular.
Utilizar técnicas de relaxamento: respiração profunda, meditação, ioga, exercícios aeróbicos e atividades tais como pintura, dança e demais atividades manuais, que reduzem os sintomas de estresse e ansiedade.
Buscar uma alimentação saudável: pesquisas indicam que uma alimentação adequada e rica em vegetais, frutas, legumes, grãos integrais e proteína magra pode ajudar a gerenciar a ansiedade de forma natural. Tais pesquisas indicam a inclusão de alimentos que podem melhorar os sintomas de ansiedade, tais como: castanha do Pará, rica em selênio e vitamina E; ovos, que contêm triptofano, aminoácido que ajuda a criar a serotonina, um neurotransmissor que atua na regulação do sono, humor, comportamento e memória; peixes como salmão e sardinha, que são ricos em ômega-3, substância que auxilia na função cognitiva, melhorando a saúde mental, além do ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosaexaenoico (DHA), que são conhecidos por regular os neurotransmissores, promovendo uma função cerebral mais saudável, reduzindo os níveis de ansiedade.
Para a adequação alimentar é essencial o auxílio de um nutricionista, pois este profissional é especializado em ajustar suas necessidades nutricionais de forma individualizada.
Qual a melhor forma de enfrentar a ansiedade?
Além de todos os cuidados descritos acima, a psicoterapia é uma ferramenta de extrema importância para identificar a causa da ansiedade e tratá-la de forma adequada. O psicólogo pode realizar um trabalho interventivo sobre as possíveis manifestações e causas da ansiedade na vida da pessoa atendida, para aprofundar o conhecimento sobre essa sensação e suas repercussões. Orientar e acompanhar o paciente com técnicas de respiração, por exemplo, que reduzem os níveis de ansiedade, além de técnicas de manejo de estresse, que minimizam a tensão ao auxiliar a pessoa a alterar o enfoque de si mesmo para o ambiente. Em alguns casos é necessário o uso de psicofármacos associados à psicoterapia, estes deverão ser indicados por um médico psiquiatra.
Publicado originalmente na versão impressa de DEMOCRATA 1667, de 15/5/2021, p. 10
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