SÃO JOSÉ DO RIO PARDO E REGIÃO – ANO 36



Compromisso com a inclusão: uma rede municipal que acolhe, forma e transforma

11/04/2025

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Durante o mês de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), é fundamental reconhecer e valorizar o trabalho de quem atua na linha de frente da inclusão. Em São José do Rio Pardo, a Secretaria Municipal de Educação tem demonstrado ser exemplo de dedicação e responsabilidade ao equipar suas equipes pedagógicas com formação, estrutura e sensibilidade para atender com qualidade os alunos com necessidades específicas.

Nesta entrevista, Lucilene Lofrano Maziero Gomes — responsável pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE) da Secretaria Municipal de Educação — compartilha detalhes sobre como a rede pública tem avançado no atendimento aos alunos com TEA. Com conhecimento técnico, zelo e visão humanizada, ela revela os bastidores de um trabalho contínuo, que envolve planejamento, capacitação de professores e apoio às famílias.

A entrevista traz dados, estratégias e ações concretas que reforçam o compromisso da Educação Municipal com uma escola verdadeiramente inclusiva, onde o respeito à diversidade e o acolhimento são princípios norteadores.

DEMOCRATA: Quantos alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) estão matriculados atualmente na rede municipal de ensino? Há um aumento nos últimos anos?
LUCILENE:
Atualmente, a rede municipal de São José do Rio Pardo atende 109 alunos com TEA. Observamos um crescimento significativo nos últimos anos, reflexo de uma maior conscientização da sociedade, diagnósticos mais precisos e da busca crescente por um ensino inclusivo e de qualidade.

DEMOCRATA: Como a Secretaria de Educação estrutura o atendimento educacional especializado para esses alunos?
LUCILENE:
Primeiramente, é importante entender o que é o Atendimento Educacional Especializado (AEE). O público-alvo da educação especial são alunos com deficiência, alunos com transtornos globais do desenvolvimento e alunos com altas habilidades/superdotação.
O AEE tem função complementar ou suplementar à formação do aluno, por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem.
O atendimento ocorre por meio de salas de recursos multifuncionais existentes em todas as escolas do município, onde os alunos recebem apoio especializado no contraturno escolar. Além disso, contamos com 15 professores especializados e monitores de apoio, que atuam diretamente nas salas de aula, garantindo suporte adequado e promovendo a inclusão no ambiente escolar.
As professoras do AEE são responsáveis por identificar as necessidades dos alunos, elaborar o plano do atendimento educacional especializado, colaborar na elaboração do plano de ensino individualizado, orientar e sugerir adaptações às práticas pedagógicas, sensibilizar a comunidade escolar para a diversidade e a inclusão, e atuar como mediadoras entre a escola, a família e outros profissionais.

DEMOCRATA? Quais são os principais desafios enfrentados pelas escolas para garantir a inclusão e o aprendizado de alunos com TEA?
LUCILENE:
Entre os principais desafios estão a individualização do ensino, a capacitação contínua dos educadores e a adequação das estratégias pedagógicas para atender às diferentes necessidades dos alunos. Além disso, a conscientização da comunidade escolar e a parceria com as famílias são fundamentais para o sucesso da inclusão.
O aumento da demanda também é um grande desafio.

DEMOCRATA: De que forma os professores e monitores são capacitados para lidar com alunos autistas? Existem formações periódicas?
LUCILENE:
Sim. A Secretaria de Educação promove formações contínuas para professores e monitores, abordando temas tais como: estratégias pedagógicas, TEA, manejo comportamental, autonomia, o papel do acompanhante em sala de aula, transtornos de aprendizagem, entre outros. Contamos também com a equipe do Núcleo de Apoio Multidisciplinar (NAM), para orientar os professores e monitores. Essa equipe técnica é composta pelos seguintes profissionais: 2 psicopedagogas, 3 psicólogas, 2 fonoaudiólogas e 1 terapeuta ocupacional. Além disso, buscamos parcerias com especialistas para capacitações mais aprofundadas e atualizadas.
No ano de 2024, realizamos uma capacitação para todos os professores da rede municipal sobre autismo, com 7 encontros, cujos temas desenvolvidos foram: Introdução ao TEA; TEA e inclusão; Leis de Inclusão; Intervenções ABA, suas definições e contribuições para a educação; Possibilidades de trabalho em sala de aula; Construção do PEI; e Avaliação dos trabalhos.
Também realizamos, em 2024, um Curso de Capacitação em ABA (Análise do Comportamento Aplicada) para os professores auxiliares de educação especial. Através desse curso, nossos professores foram capacitados a aplicar princípios da Análise do Comportamento para promover aprendizagens significativas, pois o ABA foca no desenvolvimento de habilidades sociais, cognitivas e comportamentais de alunos com necessidades especiais. Além disso, ensina a avaliar, planejar e implementar intervenções eficazes e individualizadas.
E, para 2025, o tema escolhido para ser desenvolvido ao longo do ano é o “Programa de Resposta à Intervenção para Transtornos de Aprendizagem”. Pois abordar o tema dos transtornos de aprendizagem é vital para garantir que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade, respeitando suas individualidades e promovendo seu desenvolvimento integral.

DEMOCRATA: O NAM tem sido suficiente para atender à demanda de alunos da rede municipal (necessidades especiais)? Há planos de ampliação do atendimento?
LUCILENE:
O Núcleo de Atendimento Multidisciplinar (NAM) tem desempenhado um papel essencial no suporte educacional aos alunos público-alvo da educação especial, que necessitam de uma investigação ou avaliação e que ainda não têm um diagnóstico. No entanto, com a crescente demanda, estamos em constante organização para atender às necessidades dos alunos da rede municipal.
O NAM foi inaugurado em 2024, portanto, no momento, ainda não pensamos em ampliação, mas sim em aperfeiçoar a estrutura que já temos. Hoje, o NAM realiza em média 700 atendimentos por mês, somando o trabalho de todas as profissionais.
O NAM também tem como objetivo oferecer orientações aos professores, gestores e às famílias dos alunos atendidos.O atendimento é voltado para a área biopsicossocial, pois trata-se de uma abordagem que busca compreender o ser humano de forma integral, considerando não apenas os aspectos biológicos, mas também os psicológicos e sociais.

DEMOCRATA: Como a Secretaria de Educação trabalha em conjunto com a Secretaria de Saúde para garantir um acompanhamento adequado aos alunos com TEA?
LUCILENE:
Mantemos um diálogo constante com a Secretaria de Saúde para encaminhamentos, acompanhamento terapêutico e orientações às famílias. Essa parceria é essencial para garantir que os alunos recebam suporte integral, tanto no ambiente escolar quanto no atendimento clínico.
7. Há adaptações pedagógicas específicas aplicadas nas escolas municipais para esses alunos? Poderia dar exemplos?
Sim. Entre as adaptações utilizadas, podemos destacar o uso de rotinas visuais, materiais concretos, comunicação alternativa (PECS), além de flexibilização curricular e avaliação diferenciada. O objetivo é respeitar o ritmo de aprendizagem de cada aluno e promover a sua autonomia.

DEMOCRATA? Qual é o papel das famílias nesse processo de inclusão? A Secretaria oferece algum suporte ou orientação para os pais?
LUCILENE:
As famílias são fundamentais no processo de inclusão. No momento, as famílias são orientadas pela equipe técnica do NAM quando necessário.
Inclusive, já está prevista, dentro do nosso planejamento para o segundo semestre, a realização de reuniões, palestras e orientações para auxiliar os pais na compreensão do TEA e de outras deficiências. Essa iniciativa visa melhorar a forma de apoiar os filhos na vida escolar e nas atividades da vida diária, buscando sempre o desenvolvimento de sua autonomia.
Sem dúvida, a parceria entre escola e família fortalece o desenvolvimento do aluno.

DEMOCRATA: Existem parcerias com instituições especializadas para melhorar o atendimento aos alunos com TEA?
LUCILENE:
Sim. Buscamos parcerias com instituições especializadas para troca de experiências e encaminhamentos de casos bem específicos. Essa colaboração contribui para a implementação de boas práticas e novas estratégias dentro da rede municipal.

DEMOCRATA: No mês de conscientização sobre o autismo, há ações específicas planejadas pela Secretaria de Educação para sensibilizar a comunidade escolar?
LUCILENE:
Sim. Durante o mês de conscientização sobre o autismo, as unidades escolares estão realizando atividades interativas nas escolas para sensibilizar alunos, professores e a comunidade. A Secretaria Municipal de Educação também integrou a Carreata Azul e as Apresentações Artísticas no centro da cidade por ocasião do Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. Essas importantes iniciativas visam disseminar informações e fortalecer a inclusão. 



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