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Educar Também É Frustrar: O Amor Que Limita é o Amor Que Prepara

23/04/2025

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As emoções, que deveriam ser nossas bússolas internas, estão sendo jogadas nas mãos de terceiros. Quando algo nos entristece, frustra ou desafia, buscamos culpados fora — como se a dor não nos pertencesse, como se sentir fosse um erro. Estamos desaprendendo a sentir, a lidar, a persistir.

Na Psicologia Comportamental, aprendemos que o comportamento é moldado por reforços e punições. Se evitamos a frustração a qualquer custo, reforçamos a intolerância à dor emocional. A consequência? Uma geração com baixo repertório de enfrentamento, intolerante ao desconforto e emocionalmente vulnerável.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos. A cada 40 segundos, uma pessoa desiste de viver. Esse dado alarmante não é apenas estatístico, é um grito por ajuda. E a raiz desse adoecimento está, muitas vezes, na incapacidade de lidar com o sofrimento emocional básico: tristeza, frustração, rejeição, solidão.

“Frustração também é afeto. O ‘não’ também educa.”

Na ânsia de proteger, muitos pais passaram a blindar seus filhos de qualquer incômodo. Oferecem tudo, tentam resolver tudo, evitam o “não” como se ele fosse sinônimo de rejeição. Mas o “não” é limite. É cuidado. É preparo para o mundo real. A ausência de limites pode até parecer carinho, mas é desamparo disfarçado.

E o resultado aparece nas escolas: adolescentes emocionalmente frágeis, incapazes de lidar com regras, críticas ou frustrações. Professores sobrecarregados, tentando ser educadores, psicólogos, mediadores. Pais em guerra com a escola, como se esta fosse responsável por tudo. Estamos terceirizando a educação emocional — e isso está nos custando caro.

“A tela não educa. O algoritmo não ama.”

As crianças e adolescentes estão crescendo em frente às telas, em um ambiente onde tudo é imediato, superficial e, muitas vezes, inapropriado. A internet não ensina empatia, não oferece limites e nem acolhe. É um mundo onde emoções são descartáveis e relações são substituíveis. E, no entanto, muitos pais deixam que a tecnologia assuma o papel que deveria ser deles.

Educação começa em casa. Não é responsabilidade exclusiva da escola formar seres humanos éticos, empáticos e resilientes. Isso começa no dia a dia, no exemplo, no diálogo, na escuta, no vínculo. A Psicologia Comportamental nos mostra que o comportamento é aprendido no contexto. Se o lar não oferece suporte, estrutura e reforço positivo, a criança buscará isso em outros lugares — e nem sempre esses lugares são seguros.

“Estamos tentando criar filhos fortes em um mundo onde tudo é fragilidade emocional.”

Isso não significa criar filhos frios ou insensíveis. Pelo contrário: significa ensinar a sentir, mas também a atravessar. Ensinar que dor existe, que decepções fazem parte, que o outro nem sempre vai concordar. Ensinar a tolerar a frustração, a remar contra a maré, a persistir mesmo diante da rejeição.

Precisamos voltar ao essencial: educar com afeto e firmeza. Ensinar valores, estabelecer rotinas, corrigir com amor, elogiar com consciência. Criar vínculos verdadeiros, dar atenção de qualidade. Precisamos parar de terceirizar aquilo que é intransferível: a responsabilidade de formar seres humanos saudáveis emocionalmente.

“A criança que não aprende a lidar com o ‘não’, crescerá como o adulto que não sabe lidar com a vida.”

A reeducação do mundo precisa começar dentro de casa. No olho no olho. No tempo de qualidade. Na escuta ativa. No limite firme. Na presença real. Porque a base da saúde emocional não está no mundo externo — ela nasce no afeto estruturado, no vínculo seguro e na constância das relações.

“O mundo está adoecendo. Mas ainda há cura. E ela começa no afeto — aquele que educa, que frustra, que ensina, que sustenta.”

Obrigada por esse bate-papo necessário.

Com carinho,
Fernanda Ferreira — sua psicóloga  



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