137 Anos Após a Abolição, Racismo Estrutural Ainda Marca a Realidade Brasileira
13/05/2025
Uma estudante negra de 15 anos foi internada em uma clínica psiquiátrica após ser encontrada desacordada no banheiro do Colégio Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo, onde cursa o ensino médio como bolsista. O caso, ocorrido no fim de abril, foi tornado público nesta semana e está sendo acompanhado por advogados da família.
Segundo relatos da mãe da jovem, a adolescente vinha sendo alvo de episódios de racismo, exclusão e hostilidade por parte de colegas desde que ingressou na instituição, em 2024. Apesar das constantes queixas feitas à direção, a escola teria se omitido diante das denúncias. Em nota, o Mackenzie afirmou ter prestado auxílio à família e informou a abertura de uma apuração interna.
Após o episódio, a estudante foi levada ao pronto-socorro e, posteriormente, à internação especializada, diante do agravamento de seu estado emocional. A mãe afirma que a filha desenvolveu sinais graves de sofrimento psíquico, incluindo apatia, crises de ansiedade e tentativa de automutilação.
O Colégio Presbiteriano Mackenzie é uma das instituições de ensino privado mais tradicionais da capital paulista e possui entre seus diferenciais um perfil de excelência acadêmica voltado a um público majoritariamente branco e de alto poder aquisitivo.
Racismo estrutural e a abolição inacabada
A divulgação do caso ocorre justamente neste 13 de maio, data em que o país relembra os 137 anos da abolição formal da escravidão. A assinatura da Lei Áurea, em 1888, não foi acompanhada de políticas de inclusão social e educacional para a população negra, o que perpetuou desigualdades até os dias atuais.
Episódios como o ocorrido no Mackenzie ilustram como o racismo estrutural — aquele que se manifesta nas práticas institucionais, normas sociais e políticas públicas — ainda molda a vivência de crianças e jovens negros no Brasil. A ausência de acolhimento institucional, a naturalização da exclusão e a ineficiência em lidar com denúncias de racismo são expressões diretas dessa herança histórica.
O caso reforça a urgência de debater o papel das instituições de ensino na promoção da equidade racial e na construção de ambientes verdadeiramente seguros e inclusivos. A abolição legal não foi suficiente: é preciso um compromisso real com a reparação histórica e com a transformação das estruturas que ainda reproduzem discriminações profundas.
*Imagem criada por inteligência artificial. Não representa uma pessoa real
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