SÃO JOSÉ DO RIO PARDO E REGIÃO – ANO 36



Reveja: maio furta-cor: saúde mental materna em destaque no mês de maio

16/05/2025

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Duas mulheres, duas histórias pessoais diferentes, mas uma coisa em comuns: são mães. 
E a maternidade, coisa sagrada para uma sociedade que respeita a mulher, é cheia de nuances, em um momento em que por um lado a alegria de ter um filho ou filha traz um turbilhão de hormônios e emoções que mostram a outra face da maternidade: insegurança, medos, solidão. 
Esse turbilhão de emoções vindas deste furacão de hormônios dá nome a cor escolhida ao movimento: furta-cor. 
Várias cores, diferentes, se misturando para compor um todo. Como as emoções das mães nessa fase da vida. 
Beatriz Martinelli
Beatriz Martinelli é mãe e advogada. Tem lutado contra violência obstétrica, que pode ter tantas nuances quanto os sentimentos que permeiam esse momento, o parto. 
O foco de Beatriz tem sido as Rodas Maternas, reuniões que ocorrem aos sábados em que mulheres discutem de assuntos próprios da maternidade até outros diversos, desde que de interesse de mulheres. 
Em maio de 2024 elas estiveram na organização do primeiro “maio Furta-Cor” na cidade de São José do Rio Pardo. 
“O maio Furta-Cor nasceu com o objetivo de promover a conscientização sobre a saúde mental e emocional, especialmente em relação ao bem-estar das mulheres. Ao contrário de cores mais fortes e vibrantes tradicionalmente associadas a outras causas, o furta-cor simboliza a delicadeza e a pluralidade das emoções humanas, que mudam de tom conforme a luz que recebem. Nosso trabalho é, acima de tudo, um convite à reflexão sobre o impacto que o autocuidado e a busca por equilíbrio emocional têm em nossas vidas e na sociedade como um todo. Queremos mostrar que cuidar da mente é tão essencial quanto cuidar do corpo e que isso deve ser uma prioridade de todos, em especial das mulheres, que muitas vezes assumem múltiplas responsabilidades e sofrem em silêncio”, explicou Beatriz. 
Beatriz conversou com a reportagem do jornal e explicou que o que se chama de “violência obstétrica” muitas vezes carreia condutas que as próprias mães desconhecem ser violência obstétrica. 
Em linhas gerais, violência obstétrica trata de violência sofrida na gestação, parto, nascimento e pós-parto. Pode ser física, psicológica, verbal, simbólica e sexual.  
Segundo Beatriz, um exemplo clássico seria a episiotomia:
“A episiotomia é um pequeno corte cirúrgico feito no períneo, que é a região entre a vagina e o ânus12345. O corte é realizado no momento final do segundo estágio do trabalho de parto, com o objetivo de alargar a abertura vaginal quando a cabeça do bebê está prestes a descer, facilitando a saída do bebê e prevenindo possíveis lesões graves no períneo”. 
Essa intervenção já foi chamada até de “ponto do marido”, pelo significado que lhe atribuía a sociedade sob o ponto de vista do prazer do homem, não da necessidade ou conveniência da mulher.  
Outra violência diz respeito à posição do parto. Exatamente isso. Segundo Beatriz é violência obstétrica impedir a mulher de escolher, livremente, a posição em que prefere dar à luz, podendo ser de pé, de cócoras.  Menciona ainda a sedação do caso de cesárea e a prática de amarrar os braços das mães durante o parto - em cesárea.  
Beatriz ainda menciona que é possível o parto normal, por exemplo, com 42 semanas. A cesárea, como cirurgia eletiva pode, conforme o caso, também configurar ato de violência obstétrica e deixar, por exemplo, sequelas como incontinência urinária. 
São centenas de mulheres que já passaram pelas Rodas Maternas, um movimento que foi embrionário do maio furta-cor em São José do Rio Pardo. 
Beatriz não está sozinha nessa luta.  Nessa caminhada foi encontrando outras mulheres que foram se somando à iniciativa e, cada uma, atuando de sua própria forma. 
Isabela Amâncio
A psicóloga clínica Isabela Amâncio atua profissionalmente há 5 anos, mamãe da Antonella. 
E foi exatamente a maternidade que lhe mostrou a importância do tema após passar por “baby blues”. 
Baby Blues é um termo usado para descrever uma alteração emocional comum que muitas mulheres experimentam após o parto. Esse estado é caracterizado por uma mistura de sentimentos como tristeza, irritabilidade, ansiedade e instabilidade emocional, surgindo geralmente nos primeiros dias após o nascimento do bebê e podendo durar até duas semanas. 
O Sentimento da Parturiente no Baby Blues 
A mulher que passa pelo Baby Blues pode sentir uma montanha-russa de emoções. Em um momento, pode estar radiante com a chegada do bebê e, no instante seguinte, sentir-se sobrecarregada, chorosa e insegura. É um período de grande sensibilidade, onde pequenas dificuldades podem parecer enormes, e o cansaço físico e emocional agrava a sensação de vulnerabilidade. 
Causas do Baby Blues 
Esse estado emocional tem origem, principalmente, em três fatores: 
Oscilações hormonais – Após o parto, há uma queda abrupta nos hormônios estrogênio e progesterona, o que pode influenciar o humor. 
Privação de sono – O cansaço extremo e as noites mal dormidas dificultam a regulação emocional. 
Adaptação à nova rotina – A chegada de um bebê altera completamente a dinâmica da mãe, que pode sentir-se sobrecarregada ou com medo de não dar conta das novas responsabilidades. 
Enquanto o Baby Blues é transitório e tende a desaparecer sozinho, a depressão pós-parto é mais intensa, persistente e pode comprometer o vínculo entre mãe e bebê. Se os sintomas de tristeza e angústia durarem mais de duas semanas ou forem muito intensos, é importante buscar ajuda profissional. 
Segundo Isabela a mulher, grávida, costuma ser muito mimada, sente muito a variação hormonal.  Quando do parto há uma queda notável na questão hormonal e muitas mulheres sentem o esgotamento físico mesmo de lidar com a maternidade. 
Segundo a psicóloga, muitas mães têm dificuldade em lidar com essa fase, especialmente nos primeiros meses. E podem sentir-se inadequadas ou julgar a si mesmas de forma negativa, sentindo-se não estar apta para a maternidade. Comparações e cobranças até de outras mulheres e familiares podem tornar-se um peso extra, que muitas vezes somente a própria jovem mãe percebe.  
O próprio ato de amamentar, muito romantizado, pode ser um ponto de estresse para mães de primeira viagem: dependendo de como acontecer as primeiras mamadas, pode doer, e doer muito. 
Nesses casos, segundo Isabela, apesar de ser fundamental o apoio do marido e da família, conversar e estar com outras mães que superaram a mesma questão é fundamental.  
E foi nesse pensamento que criou o projeto ALDEIA. 
Segundo ela, inspirada em um provérbio Africano que diz “é preciso uma aldeia para se criar uma criança”. 
Aos familiares Isabela diz que ideal é acolher, não por peso “muito ajuda quem não atrapalha”, disse. 
Saúde mental materna importa, mesmo que pareça que ninguém está se importando.  
Isabela deixa um recado para as mães que passam por estas condições: “vocês não estão sozinhas, não procurem lidar com tudo sozinhas, procure ajuda”.  “Esse momento passa muito rápido, mesmo que a impressão do momento seja diferente”. 
Grupos de apoio como a RODA MATERNA ou a ALDEIA chegaram exatamente para suprir esta falta que muitas mães sentiam, de um lugar de apoio, de acolhimento, onde pudessem tratar seus assuntos de forma aberta, sem sofrer julgamentos ou preconceitos.  
Estas iniciativas locais que trouxeram a campanha Maio furta-cor para São José do Rio Pardo, buscando fazer do mês de maio um mês para tratar com a conscientização da saúde mental e emocional das mães e da luta contra violência obstétrica. 
O projeto chegou à Câmara Municipal, que recebeu parte dos eventos em 2024.  Agora, em 2025, a vereadora Priscila Abreu apresentou projeto de lei, que foi sancionado pelo prefeito. 
A luta de Beatriz, Isabela e tantas outras mulheres vai sendo reconhecida e muitas mães, assim, podem receber apoio.
Quem quiser entrar em contato com a Beatriz, pode fazê-lo por meio de sua página na rede social INSTAGRAM, basta clicar nos links abaixo: 
Nas páginas há links para grupos de WhatsApp e para o contato com a Beatriz e com a Isabela.

Se preferir, pode entrar em contato com elas in box, através de suas páginas no INSTAGRAM.  



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